sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A Explosão de uma Velha Estrela

( Imagem Jornal Diário de Notícias )

Um grupo internacional de astrofísicos detectou um corpo celeste que é o mais distante e antigo registado até agora, e confirmou que as estrelas já existiam quando o universo tinha apenas 600 milhões de anos. Estas são algumas das conclusões de dois estudos publicados na revista científica Nature e assinados, entre outros, por Javier Gorosabel e Alberto Castro-Tirado, do Conselho Superior de Investigações Científicas de Espanha, e Alberto Fernández Soto, do Instituto de Física da região de Cantábria. Os artigos analisam a explosão de raios gama registada a 23 de Abril, que foi a mais distante observada até agora e corresponde à explosão da estrela mais antiga e longínqua que se conhece, uma gigante que se apagou há 13 mil milhões de anos e cujo último esplendor chegou à Terra há apenas seis meses. As explosões de raios gama são dos fenómenos que mais energia libertam no universo, correspondendo à explosão de uma estrela gigante no final da sua vida, que assim esgota o seu combustível e se extingue, dando lugar a um buraco negro ou a uma estrela de neutrões. Segundo o cientista Castro-Tirado, as descobertas são importantes porque, por detrás da estrela, "supostamente tem de haver uma galáxia, embora seja tão fraca que, com a tecnologia actual, não se consegue observar", sendo, talvez, apenas perceptível com o sucessor do telescópio espacial Hubble. Javier Gorosabel revelou, por seu turno, que a luz da estrela que se finou viajou pelo espaço desde um tempo em que ainda não existiam nem o Sol, nem a Terra. Alberto Fernández Soto complementou que, com isto, se comprova que há 13 mil milhões de anos já existiam estrelas, algo que até agora não passava de uma hipótese, e se conclui que "a formação dos corpos celestes foi mais rápida do que se pensava". Os investigadores acreditam que as estrelas da primeira geração, designadas por "população III" e das quais não se conhecem exemplares, surgiram quando o universo tinha entre 200 e 400 milhões de anos. Para proceder a estas análises, os cientistas recorreram a dados obtidos por vários telescópios colocados em diversos pontos do mundo, entre os quais o da estação espanhola BOOTES-3, situado na Nova Zelândia, e o telescópio Nazionale Galileo, operado por italianos e localizado na ilha espanhola de La Palma.
In Diário de Notícias de 29 de Outubro de 2009