quarta-feira, 9 de junho de 2010

Os Afectos Religiosos

Jonathan Edwards (1703-1758)
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Questões religiosas só nos interessam até ao ponto em que nos afectam
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Multidões ouvem a Palavra de Deus e a conhecem, mas ela será totalmente ineficiente e não fará diferença nenhuma no comportamento e no carácter de quem ouve se ele não for afectado pelo que ouvir. Muitos ouvem falar dos afectos gloriosos de Deus, de seu poder imenso, da sua visão ilimitada, da sua majestade infinita e da sua santidade. São ouvintes da infinita bondade e misericórdia de Deus, da Sua imensa sabedoria, poder e grandeza. Ouvem, especialmente, sobre o amor indescritível de Cristo e as grandes coisas que Ele fez e sofreu por nós. Escutam, ainda, as ordens claras de Deus e as suas advertências bondosas e convites amorosos no Evangelho. Ouvem tudo isso, mas não ocorre qualquer mudança no coração nem no comportamento. Isso acontece simplesmente porque não foram afectados pelo que ouviram. Ouso afirmar que jamais ocorrerá mudança de natureza espiritual se os afectos não forem tocados, Sem isso, nenhum ser humano natural buscará com seriedade a salvação. Não haverá luta com Deus em oração pela misericórdia. Ninguém se humilha aos pés de Deus sem ter visto, por si mesmo, a sua própria decadência. Ninguém jamais será levado a procurar refúgio em Cristo enquanto o seu coração não for afectado. De forma semelhante, nenhum santo abandonou a sua frieza e falta de vida, nem se recuperou da apostasia sem ter o coração afectado. Em suma, nenhuma mudança significativa na vida acontece enquanto o coração não é profundamente afectado.
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(Uma fé mais forte que as emoções, p.48-49. Ed. Palavra)
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