terça-feira, 17 de março de 2009

Adoração "Extravagante"

Actualmente há uma geração de cristãos que tem buscado novas formas de espiritualidade, novos modelos de culto e que se tem preocupado em descobrir novas maneiras de adorar o Eterno. Nesta busca, surgiu há alguns anos um movimento que ficou conhecido como “adoração extravagante”, uma tendência que abandona os padrões formais, e busca uma maior liberdade e espontaneidade.

Confesso que nunca experimentei nada novo em matéria de adoração, nunca me esparramei pelo chão, não tive arrebatamentos que me levassem ao terceiro céu, e não consigo repetir dezenas de vezes o mesmo refrão de um cântico. Mas eu sei que para Deus, adoração, antes de mais nada, é vida, e dela não pode estar separada.

Numa recente entrevista, o pastor e escritor, na área de vida cristã, Eugene Peterson, disse que as pessoas que mais o incomodam são as que chegam e perguntam o que têm de fazer para ser “mais espirituais”. E ele responde-lhes: - “Esqueça essa preocupação de querer ser mais espiritual. Que tal amar o seu marido? Isso é um bom começo”. Porém, ele conclui desalentado: “Mas ninguém quer ouvir isso. Ninguém quer pensar em aprender a amar os filhos e aceitá-los da forma que são”.

Espiritualidade no sentido bíblico nada tem a ver com uma forma diferente de orar, nem em ser batizado com a água de um determinado rio, nem ouvir o sonido do “shofar”, buscar êxtases, ou tornar-se num asceta.

Desejas realmente agradar ao Único Senhor em tudo, e partilhar a Sua verdade aos homens? Buscas de facto uma “espiritualidade” que agrade profundamente ao Rei de toda a Terra? Anseias por alcançar aquilo a que muitos chamam “intimidade com Deus” ? Eis aqui alguns respostas que te podem ser úteis nesse propósito: Em primeiro lugar, ama extravagantemente. Ama sem esperar reciprocidade. Ainda que tenhas dons extraordinários, nunca te esqueças que é pelo amor e através do amor que o mundo olhará para ti como um autêntico discípulo de Jesus.

Perdoa sem reservas. Lembra-te que um dia fostes um devedor que não tinha como saldar uma dívida impagável, mas Jesus rasgou-a e saldou-a na cruz, sofrendo com os teus defeitos e pecados.

Confessa-te pecador! Reconheçe que em ti não reside bem algum, e se porventura virem algo bom na tua vida, declara, sem pestanejar, que isso é, integralmente, obra do Espírito Santo.

Delicia-te com o facto de, mesmo pobre e desprezível aos olhos do mundo, seres possuidor da maior honra que uma pessoa pode receber: ser chamada filho de Deus.

Apazigua o teu coração na maravilhosa Graça divina, pois através dela não há nada que possas fazer para ser mais amado pelo Eterno, e mesmo diante dos teus erros Ele continua a amar-te da mesma maneira.

Lambuza-te com a Palavra, come-a prazeirosamente e sem reservas . Digere, nas tuas entranhas, esse santo maná e deixa-a manifestar-se nos teus membros em forma de uma vida em tudo agradável a Deus.

Luta tenazmente contra toda forma de injustiça. Não te submetas aos dominadores, e não te cales diante dos poderosos.

Oferta generosamente! Não por temeres que “gafanhotos” vão saltar das páginas do Velho Testamento para assombrar a tua vida, mas porque possuis em ti o espírito do Evangelho que ensina que tudo pertencente ao Pai. Por isso, oferece a Deus, despojadamente, tudo o que és.

Rejeita qualquer forma de discriminação. Pratica o amor inclusivo de Jesus e imita o o servo que saiu pelas ruas e becos da cidade trazendo os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos” (Lc 14.21) para que a Casa do Pai fique cheia. E Ele se alegrará em ti.

Confronta destemidamente os pregadores da prosperidade, os enganadores dos simples, e os que pensam ser alguma coisa, e nada são. Desmascara-os publicamente e não temas se disserem: “não toqueis no ungido do Senhor”. Lembra-te: és tu que verdadeiramente tens a unção do Alto, não eles.

Depois de tudo isto, (e apenas depois), já não te importarás mais com a tua forma de adoração. Não será importante se ajoelhas, se levantas as mãos, se entoas canções audíveis ou apenas balbucias trechos bíblicos quase inaudíveis; se balanças suavemente o teu corpo ao ritmo da música, ou se permaneces imóvel como que vendo o Invisível... sim, fica em paz, o Eterno já aceitou a adoração da tua vida, antes mesmo que penetrasses no templo do Senhor.

Por Pr. Daniel Rocha

Via Reflexões Teológicas

Adaptado ao português usado em Portugal por Ab-Integro