segunda-feira, 9 de março de 2009

A Arte da Reanimação

Não permita que 2009 o encontre desanimado. Não continue este novo Ano Novo sem ânimo. Talvez você não saiba: o ânimo é uma de suas maiores riquezas. Sem ânimo, você não levanta o pé, não levanta a mão, não levanta a cabeça. Sem ânimo, você não se alegra. Sem ânimo, você não vive.

O ânimo tem muito a ver com Deus. É uma energia que se extrai da comunhão com Deus, que se armazena e que se gasta. Quando o gasto é maior, por causa de circunstâncias especiais, as reservas de ânimo acabam-se e você fica numa situação delicadíssima. Daí a arte não da animação, mas da reanimação. A prática constante da reanimação é a arte de recuperar o ânimo enfraquecido ou perdido, por meio de um esforço especial na presença de Deus, logo a seguir a uma significativa quebra de disposição provocada por qualquer situação de ordem interna ou externa.

Seja realista. Há muitas coisas que agridem o seu ânimo, todos os dias. A começar com o cansaço e desgaste do corpo, com a a visão da maldade em geral, com a eterna rotina das coisas, com as dificuldades no relacionamento doméstico, com o crónica da falta de dinheiro, com a concorrência dos mais fortes, com o desprezo dos soberbos, com a dor das perdas, com as ameaças dos que detêm o poder, com a selvajaria deste mundo cão, com a propaganda do absurdo, com a fragilidade da saúde e com a exposição sistemática, aos nossos olhos de tudo o que é hediondo. Você ainda está no deserto e não em Canaã. Você ainda é um cordeiro no meio de lobos. O pecado ainda habita ao seu redor, e quer dominá-lo. Você ainda é parcialmente medroso, parcialmente tímido, parcialmente incapaz. Você ainda está dentro de um corpo que precisa de água, comida, sono e descanso. Daí a imperiosa necessidade da reanimação, continuadamente.

Em certa ocasião, um dos mais atraentes personagens da história sagrada passou por vários reveses. A cidade onde David e outros 600 homens e as suas famílias viviam foi incendiada. As esposas e os filhos foram levados cativos pelos seus inimigos. Todos choraram até não mais poder. Alguns ficaram insatisfeitos com a liderança de David e chegaram a pensar em apedrejar o seu chefe. Foi no meio dessa trapalhada toda que “David se reanimou no Senhor” (1 Sm 30.6).

Para tomar qualquer providência, para agir com acerto e coragem, e até para começar a movimentar-se depois daquela tragédia, David precisou recobrar seu velho ânimo. Sem ânimo, ele não saberia o que fazer nem como fazer. O expediente deu certo. Uma vez reanimado, David perseguiu e derrotou os amalequitas e trouxe de volta o despojo, as mulheres e as crianças.

Algum tempo antes, frente aos problemas gerados pela insegurança de Saul, Jônatas havia fortalecido a confiança de David em Deus (1 Sm 23.16). Mas desta vez foi David mesmo quem procurou reanimar-se no Senhor.

Você já observou quantas vezes Jesus apela à reanimação? Ao paralítico de Cafarnaum (Mt 9.2) e à mulher hemorrágica (Mt 9.22), Ele disse : “Tem bom ânimo”. Aos discípulos no mar da Galiléia (Mt 14.27) ou no cenáculo de Jerusalém (Jo 16.33), Jesus repetiu: “Tende bom ânimo”. E a Paulo, quando o apóstolo estava preso numa fortaleza em Jerusalém, “o Senhor, pondo-se ao lado dele, disse: Coragem!” (At 23.11). Não abra mão do ânimo. Se ele estiver em baixa, trate de renová-lo. Se ele tiver acabado, busque-o outra vez. Não cometa “suicídio emocional” . Apegue-se à prática diária da reanimação.

O segredo da reanimação repousa na expressão “no Senhor”. Lembre-se que David se reanimou no Senhor e tudo deu certo. Abra o Salmo 37 e veja aí estas expressões: “Confia no Senhor” (v. 3), “Descansa no Senhor” (v. 7) e “Espera no Senhor” (v. 34). São as mesmas palavras que Paulo usa na Epístola aos Filipenses: “Alegrai-vos sempre no Senhor” (v. 4).

Dirija as suas súplicas de reanimação para Deus. Fale abertamente da sua necessidade de reanimação. Peça sem timidez alguma: “Anima-me!”, “Fortalece-me!”, “Livra-me do desânimo”, “Dá-me outra vez o ânimo de outrora” ou “Pastoreia-me!”. Pratique o derrame de queixas e preocupações na presença de Deus. Esse desabafo espiritual esvazia sua alma de temores e abre espaço para o ânimo. Você fica cheio não de medos, mas de ânimo.

Então você dirá sem vaidade alguma: “Tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4.13), durante todo este Novo Ano de 2009. Deus o abençoe!

In Revista Ultimato