segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Tapeçarias de Pastrana em final de Férias

É assim todos os anos. Costumamos terminar as férias de verão com um almoço ou jantar em família. Este ano, na impossibilidade de ter a família toda reunida para essa actividade, a minha mulher achou que seria boa ideia ocupar as derradeiras horas das suas férias a lavar as persianas das janelas lá de casa para além de outras actividades afins. Fiquei sem saber como sair desta situação tão "dramática" para um fim de férias. Foi então que se fez um click: " e se fossemos visitar o Museu Nacional de Arte Antiga e a exposição temporária das Tapeçarias de Pastrana ?! Não senti grande dificuldade em "vender a ideia" o que é indiciador de que a vontade de lavar as persianas também não era muito persistente. Até porque, se não tivesse sido na sexta-feira, a visita ao museu, para apreciar as raras tapeçarias que evocam a tomada de Arzila e Tanger pelo nosso rei D. Afonso V, teria que ser programada antes de dia 12 de Setembro próximo,data em que encerra esta exposição temporária e as tapeçarias regressam a Espanha que as emprestou, e eu teria que ir sózinho ao museu correndo o risco de posteriores recriminações familiares. Preferi não correr o risco. Juntámos assim o útil ao agradável e lá fomos até às Janelas Verdes aproveitar o nosso último dia útil das férias de verão de 2010. Mesmo sem as Tapeçarias de Pastrana, o Museu Nacional de Arte Antiga justifica, por si só, uma visita a todo o conjunto variadíssimo de obras em exposição permanente. Claro que não é um Louvre nem um Prado, é um museu à escala de Portugal, mas isso não o diminui na importância do espólio exposto, bem pelo contrário. Se falarmos de pintura, por exemplo, estão ali expostos alguns dos principais pintores portugueses de sempre, sendo um dos lugares priveligiados para se apreciar a escola portuguesa abrangendo um período com intervalo significativo de anos, o que não será possível em museus estrangeiros. Se falarmos de ourivesaria, encontramos obras de referência de onde se destaca a Custódia de Belém cuja autoria é atribuida ao nosso grande Gil Vicente. Do conjunto da pintura em exposição, destaco os Painéis de S. Vicente de Nuno Gonçalves e as Tentações de Santo Antão de Jheronymus Bosch. Se não for por mais nada, vá pelo menos por isto visitar o Museu Nacional de Arte Antiga rico de multifacetadas colecções de arte. Depois aproveite e faça como eu: almoce nas explanadas do jardim do Museu, de preferência com vista sobre o Tejo e a Margem Sul. Os cinco euros que vai pagar de entrada para a visita do Museu estão mais do que rentabilizados. Mas cuidado, se levar o seu automóvel é melhor procurar estacionamento nas ruas da Lapa ou Madragoa sobranceiras à rua da Janelas Verdes já que nas imediações do Museu é para esquecer o estacionamento.
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Jacinto Lourenço