quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Azeite, Vinho e Fermento

...Encontramos o azeite no Velho Testamento na botija da viúva endividada; no reservatório do candeeiro da Casa do Senhor. Na unção de David, ainda adolescente, no quinto verso do Salmo 23, e, entre tantos outros, na visão do profeta Zacarias. Azeite fala de sabedoria; azeita pode ser um rosto brilhando pelo perdão de Deus; azeite é uma bênção surpresa quando tudo o mais se acabou. Azeite é o gosto da vitória; azeite é a unção da promessa de Deus.
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Na parábola do samaritano o vinho foi usado para limpar as feridas.
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Azeite e vinho falam de solidariedade, de compaixão, de cuidados. Azeite e vinho são as atitudes do cristão verdadeiro que vai além das palavras; além da teologia. A sequência de uso é azeite e vinho. Primeiro a unção do Espírito, de seguida a alegria do Espírito. O azeite amacia e refresca um coração ferido e o vinho lava as impurezas e a maldade do pecado. Para adquirir deste azeite e deste vinho é preciso ir à fonte da misericórdia e da compaixão. É preciso depender de Jesus.
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Quem ama vai atrás, busca e procura até achar. Quem tem azeite e vinho anda na presença de Deus e navega como um barco cuja vela se faz cheia sob o vento da vontade do Espírito Santo. Isto não se aprende com a leitura de compêndios e comentários. Não vem anexo a um canudo de teologia, mas em andar com o Senhor.
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O fermento é a substância que incha, estufa, azeda, que enche de vento uma massa. O fermento, para fazer efeito, precisa ser misturado. Espiritualmente falando o fermento é o mundo misturado com o coração do cristão. O fermento é a hipocrisia. É uma santidade de aparências. É uma vida cristã falsificada, mascarada.
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O sacerdote e o levita viram o ferido, mas a sua religião estava acima de qualquer coisa. Sabiam o sagrado, mas não tinham mais o Espírito de Deus. Eram vazios de sentimentos, de compaixão. O sacerdote e o levita eram como barcos cujas velas já tinham apodrecido pela falta de uso.
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Coisa interessante. Esta parábola é muito actual. Está surpreendentemente contextualizada no nosso tempo e país. Uma geração de sacerdotes e levitas têm trabalhado nas nossas Igrejas. Eles estão muito ocupados com o que acontece no mundo. Estão encantados com o poder, com a política, com o dinheiro. O fermento já arruinou a sua vida espiritual. Não têm mais tempo para a compaixão. Não se preocupam mais com os feridos nem com os perdidos, pois já não há mais sinal de azeite e vinho nos seus corações. O Espírito Santo já foi apagado das suas vidas, com tantas atitudes mesquinhas, avarentas, falsas aparências. O óleo da unção já não brilha nas suas faces. É muito provável que também estejam perguntando: E quem é meu próximo? Já se esqueceram.
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E se eu não tomar cuidado, posso tornar-me hipócrita da mesma forma. Por isso o exercício da compaixão deve ser sempre lembrado, praticado. Não basta ter uma biblioteca cristã na cabeça, é preciso muito mais que isso para ser um bom samaritano: manter a alegria de servir, de visitar, de sorrir e chorar junto, de ajudar, de amar, de perdoar pela presença do Espírito Santo.
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