segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

"Quando a Máscara Cai"

Estamos a poucos dias do Carnaval, a festa da carne. Geralmente, acredita-se que é durante esta festa pagã que as pessoas se encondem atrás de máscaras e fantasias. Porém, acredito que o contrário é que se sucede. Durante os dias de folia, as pessoas tiram as máscaras usadas durante todo o ano, liberando seus desejos ocultos, e revelando suas mais arrojadas fantasias. Por alguns dias, o chefe de família remove a máscara de autoridade, e cai na gandaia. A dona de casa reclusa e tímida se desfaz do papel que representa e se solta na avenida. Como dizia o Tim Maia, vale tudo! Tudo em nome do prazer, da alegria, ainda que ao término da festa só sobrem cinzas. O problema não é o Carnaval em si, enquanto festa popular (mesmo que sua origem remonte os bacanais e saturnais romanos). O problema é a natureza humana corrompida. O que o Carnaval oferece é o ambiente propício para que esta natureza se revele sem qualquer pudor. Sinceramente, o que mais me incomoda não são as serpentinas, lantejolas, pouca ou nenhuma roupa dos foliões. O que mais me incomoda são as máscaras usadas ao longo do ano. Há pessoas que conseguem viver mascaradas por anos, sem que ninguém perceba sua hipocrisia. Porém um dia, por descuido, a máscara cai. São Paulo diz que para que sejamos transformados pelo Espírito de Deus, temos remover o véu que cobre nossa face, e nos expor tal qual somos. A religião é uma fábrica de máscaras. Pior do que os bate-bolas das ruas, são os bate-bolas dos púlpitos. Aqueles que cativam as pessoas pelo medo, pelo terror. Deus, porém, conhece a pessoa por trás da fantasia. Ele não se impressiona com nossa atuação, quando fazemos do púlpito nosso tablado. Ele sabe exatamente as intenções por trás daquela voz grave, do emocionalismo barato, do sensacionalismo canibal. Nenhum cristão está autorizado por Deus a julgar foliões. Em vez de dedos a riste, estendamos as mãos, e apresentemos a eles uma alegria que nunca termina, e que jamais resultará em cinzas.
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