A organização ambientalista Quercus considera que 2010 está a ser «uma desilusão» como Ano Internacional da Biodiversidade, uma vez que as metas definidas não vão ser cumpridas e o tema é um «parente pobre» quando é preciso tomar decisões que afectam o ambiente.
«Em Portugal, quando temos uma obra ou uma infra-estrutura, se os valores de biodiversidade estão em causa, é raro que sejam os preponderantes na decisão final», disse à Agência Lusa a presidente da Quercus, Susana Fonseca, à saída de um encontro com o Presidente da República.
Susana Fonseca apontou a biodiversidade como um «parente pobre» quando é preciso fazer opções: «Normalmente, considera-se sempre um mal menor ou tenta-se compensar [os danos ao ambiente] de algum modo, só que muitas vezes essa compensação não permite garantir a preservação da biodiversidade».
A União Europeia já reconheceu que «não irá conseguir cumprir a sua meta de travar a perda de biodiversidade e a grande desilusão é o facto de se usar como argumento um conjunto de razões já identificadas quando foi estabelecida esta meta», indicou.
Em Portugal, «o Instituto de Conservação da Natureza está com grandes dificuldades em intervenção e recursos e há mesmo falta de vontade política para trazer a questão da biodiversidade para cima da mesa e lhe dar o destaque que merece», salientou.
É também por isso, afirmou Susana Fonseca, que os resultados da luta pela biodiversidade em Portugal não contrariam o «incumprimento» que se verifica na União Europeia.
«A água que bebemos, o ar que respiramos e os alimentos que comemos dependem do bem estar do ambiente e dos ecossistemas. Cuidar do ambiente não é uma questão altruísta, é cada vez mais uma questão egoísta, porque é para o nosso próprio bem», frisou.
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