Barrabás não era um bandido qualquer (Mt:27:16). Preso por se amotinar contra Roma e estar envolvido em um homicídio (Mc 15:1-13), ele detinha a admiração do povo - à época subjugado pelo Império Romano. Era uma espécie de herói, corajoso ao ponto de enfrentar o poderio do inimigo dos judeus. O povo se identificava com ele.
Do outro lado, estava Jesus. Corpo dilacerado, ensanguentado. O retrato da “fragilidade” humana ante a crueldade de seus algozes. Os dias de curas, milagres, sermões impactantes haviam se apagado da memória do povo ensandecido. Não, aquele não era o herói que eles queriam. As pessoas não se pareciam com Jesus. O povo se parecia com Barrabás.
Talvez inspirados no episódio bíblico, muitos falsos líderes e falsos profetas têm levado vantagem em nosso tempo. Eles têm facilidade de vender um “Jesus” diferente do Jesus da Bíblia. Oferecem Barrabás disfarçado de “Jesus” e muitos crêem. Um falso Jesus que não fala de arrependimento ou de mudança. Um “Jesus” que é parecido com o mundo: vaidoso, ganancioso, egoísta e acomodado em seu pecado.
O Jesus da coroa de espinhos, da cruz, da carne mortificada, do negar-se a si mesmo não é atractivo para a maioria. Mas, o “Jesus” da “prosperidade”, esse sim, é irrecusável. É esse o “Cristo” que muitos almejam, o génio da lâmpada, sempre disponível para satisfazer desejos.
Queremos um Jesus que se pareça connosco em vez de alguém que precisemos mudar para se parecer com Ele.
Nos evangelhos, o povo escolheu a Barrabás porque se parecia mais com ele do que com Jesus. Muitas vezes, agimos da mesma forma, como imitadores daquelas pessoas. Escolhemos o preso pecador, que se parece conosco, ao invés de Jesus, que exige de nós uma mudança de vida.
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Por Clóvis Cabalau via Púlpito Cristão