sexta-feira, 11 de março de 2011

Escrever na História...

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( foto: jornal El Mundo )
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Este nosso planeta revolta-se à face da terra e também debaixo do mar. Crises políticas, crises económicas, crises sociais, revoltas populares, regimes que caem, regimes que resistem, terramotos, tsunamis, gerações à rasca.
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Talvez o ano que corre possa eventualmente, a 31 de Dezembro, configurar-se como um dos piores, em muitos capítulos, para a generalidade deste velho mundo cansado. As ondas de choque parecem vir de todos os lados e às vezes do lado de onde menos se espera. Podemos estar mais ou menos preparados para elas, subir a uma montanha, procurar um abrigo, mas dificilmente lhes vamos escapar.
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A História faz-se disto, de rupturas. As mudanças são por vezes violentas, provocam dor e sofrimento em muitos casos, e o ideal seria que houvesse uma evolução na continuidade sem necessidade de tsunamis violentos, como o do Japão, hoje. Mas isso não está nas nossas mãos evitar ou controlar. Podemos prevenir alguns efeitos secundários associados. Mas é um pouco como os medicamentos: tratam uma doença a troco de provocarem sequelas mais ou menos suportáveis ou controláveis noutros aspectos da nossa saúde; sabemos isso quando os tomamos.
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A história do homem é repleta de clivagens e mudanças profundas, algumas delas introduzidas pelo nosso criador. A diferença entre a história que Deus faz acontecer, a que os homens fazem com que aconteça e a que acontece naturalmente, como a que um tremor de terra devastador pode "escrever", por exemplo, é que Deus observa e controla os caminhos dessa história, o seu curso, e fá-la acontecer sempre em nosso proveito. Muitas foram já as ocasiões em que Ele próprio interviu na História em nosso favor e benefício quando por aqui andávamos entretidos a fazer mal uns aos outros ou a escrever estórias de desfechos previsivelmente maus.
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Às vezes Deus permite abalos e Tsunamis controlados na nossa vida para que possamos verificar da nossa própria fragilidade perante coisas que não conseguimos controlar. Mas nessas circunstâncias é nEle que temos um refúgio seguro. É a partir desses momentos que a nossa história começa a ir noutra direcção, a direcção certa. Reconstruir, é sempre uma oportunidade para fazer melhor: melhor estrutura, melhores alicerces, maior segurança, maior atenção, mais prontidão, melhor visão sobre o que temos andado a fazer com a nossa história de vida. É que, embora Deus no-la deixe escrever, não deixa de estar atento à forma como a escrevemos.
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No Japão, em Portugal, Brasil, França ou qualquer outro sítio em que aconteça, um Abalo de terra, um Tsunami, mudarão sempre a história que estava a ser escrita; ainda que achemos que não podemos fazer nada quanto a isso, acabamos sempre por poder optar ser actores ou espectadores da História, mas só os actores estarão dentro dela, nem que seja a "limpar os detritos", mesmo que tenham que lhe sofrer os efeitos secundários momentâneos.
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Jacinto Lourenço