segunda-feira, 21 de março de 2011

Um Poema Inédito de João Tomaz Parreira no Dia Mundial da Poesia

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ENSAIO A DECORRER SOBRE AS PALAVRAS
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As palavras são, por vezes, cruéis
+ param
+ na altura em que mais precisamos delas
+ recusam-se
+ a abrir o cálice como uma rosa entardecida
+ que já não consegue segurar a beleza
+ aos nossos olhos
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Por vezes as palavras
+ fazem um intervalo, sem ponte
+ entre o terrível e o encanto
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As palavras não têm o mínimo empenho
+ na harmonia que está na cabeça
+ do poeta, enquanto
+ irrompem pelos dedos fora
+ e depois hesitam
+ e voltam-se para trás
+ como se à quebrada porcelana
+ do ovo a gema pudesse regressar
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As mais cruéis são aquelas
+ que desaparecem depois
+ para um lugar dentro de nós
+ a que não podemos ir
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Por vezes, as palavras
+ abrem o estore de uma janela
+ sobre o mundo e depois
+ recolhem a penumbra
+ e escreve-se estrela, mas não
+ era isso que queríamos dizer.
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+ 14/3/2011
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Poema inédito de João Tomaz Parreira
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( Colaborador no Ab Integro )