António Barreto, sociólogo e socialista, antigo ministro nos anos 80 e porventura aquele de quem comunistas e socialistas mais à esquerda têm mais razões de queixa, disse, há duas semanas atrás, numa entrevista a Ana Lourenço da SIC Notícias, que os socialistas o que gostam mesmo muito é de "de bater nos fracos. Nos frágeis. É porque é fácil e é rápido". Claro, mas já era assim quando ele foi ministro daí que eu ache que o senhor já está com aquela doença que tem nome de alemão e que é por isso que não se lembra do que fazia. Ontem António Barreto voltou à carga na Figueira da Foz: manifestou o eventual desejo de, se pudesse ser, deveria encomendar-se uma nova classe política em cerâmica das Caldas da Rainha. Eu não sei o que é que o homem estava a imaginar quando lhe veio à mente este desejo, mas provavelmente concordo; é que desta classe política para a outra feita em louça das Caldas não há grande a diferença sendo que a feita em cerâmica Caldense só teria vantagens; sempre nos faria sorrir e teria mais utilidade. Se eu pudesse escolher uma peça, seria a galinha que dá para guardar ovos e serve de centro de mesa; é que dá uma ideia de rigor na forma como guarda os seus ovos, coisa que, pelos vistos, não foi preocupação deste governo desde que governa. Para além de ter mal baratado todos os ovos que a galinha portuguesa pôs, fez com que a bicha não tivesse alternativa senão ir parar, mais do que provavelmente, ao galinheiro do FMI a pôr ovos por conta de outros.
A ideia do sociólogo Barreto, talvez não seja má de todo, mas já que não é possível realizá-la, podemos pelo menos instituir prémios, tipo "Oscares " Caldenses, para a actual classe política portuguesa. Ao governo eu atribuia um "zé povinho" naquele gesto característico e acintoso com que Bordalo Pinheiro honrou os políticos do seu tempo. Afinal, esta classe política, e em especial a que ocupa o governo, não merece mais.
Jacinto Lourenço