quinta-feira, 21 de abril de 2011

A Resiliência da Vida


Gosto de sol e do Sol. Apaixonam-me todas as coisas que estão criadas na natureza bem como a sua cíclica renovação. A criação de Deus, passados tantos milénios, continua a espantar-nos pela sua beleza e utilidade. Tudo tem o seu tempo, tudo vem no seu tempo, nem antes nem depois. A natureza dá-nos todos os dias lições de recriação e reivenção da vida demonstrando  capacidade de adaptação às piores condições e ressurgindo no seu explendor mesmo após grandes agressões ambientais. Mas, espantosamente,  olhamos à nossa volta e tudo nos parece muito frágil.

Somos facilmente enganados se olhamos apenas para a aparência das coisas. Na verdade, a resiliência da natureza é a sua maior força. Tudo aquilo que foi criado por Deus transporta em si a marca da capacidade de resistir mesmo no meio da adversidade. É por isso que, apesar de eu não gostar da chuva e das nuvens negras que a trazem, compreendo a sua utilidade. Sei que depois disso o Sol romperá e a terra húmida cobrir-se-á de flores multicolores e arbustos verdes e resistentes. O Sol dá tempero a toda uma vida que brota após a invernia que nos parece sempre feia.

Não gosto de chuva, gosto de sol. Mas compreendo que, depois da chuva e das nuvens negras e feias, estou muito mais apto para receber o calor da vida e a olhar, com olhos de viver, o que Deus me serve a cada estação, numa plenitude de matizes diversos e cambiantes inesperados num caminhar ao compasso da regularidade e certeza divina.

Se olharmos a natureza com atenção talvez ela nos dê conselhos úteis transportados por cores e cheiros. Revelações do tempo e como vivê-lo sabendo extrair-lhe todo o potencial faça Sol ou chuva, sabendo que no final de uma estação, outra lhe toma o lugar carregando novas expectativas e oportunidades de vida.


Jacinto Lourenço