Por muitas voltas que dê à cabeça não me ocorrem outros rostos a quem possam ser assacadas responsabilidades pela crise político-económica e social em que Portugal caiu. Os senhores abaixo são os rostos de partidos políticos que estão instaladados nos centros decisores da política portuguesa desde o 25 de Abril de 1974. Certo que uns são mais responsáveis do que outros, mas nem por isso deixam de ser menos responsáveis pelo buraco negro em que Portugal entrou.
No próximo dia 25 de Abril, terão decorrido 37 anos sobre 1974 e o fim da ditadura do estado novo que se prolongou durante quarenta e oito anos e que transformou Portugal num país muito atrasado no contexto europeu. É certo que a democracia trouxe imensas vantagens e um novo desenvolvimento nunca experimentado; não o reconhecer seria, no mínimo, estupidez ou ingratidão para com quem se ergueu na madrugada de 1974, arriscando tudo, no intuito de transformar a tristeza nacional numa imensa alegria. No entanto, o que se seguiu após o poder ser entregue aos partidos políticos não foi muito edificante. Do ponto de vista económico e social Portugal só respirou melhor enquanto entraram milhões da União Europeia em catadupa. Isso enriqueceu muita gente ilicitamente com a utilização de estratagemas para para poderem deitar a mão aos milhões e, a maior parte dessa gente gravitava em torno dos aparelhos partidários. Foi um costume que se instalou até aos dias correntes. Se olharmos para os "barões" dos partidos políticos que durante estes anos partilharam o poder, verificamos facilmente que quase todos estão muito bem na vida e não necessariamente à custa do seu trabalho honesto, embora eles procurem fazer passar essa mensagem. É por tudo isto que hoje é tão difícil aos portugueses olharem para os partidos políticos e reconhecerem nestes algum censo de responsabilidade e decência, por uma razão ou por outra, estejam ou não no governo. É que dificilmente se pode esquecer que, no próximo dia 25 de Abril de 2011, quando terão passado 37 anos sobre a data da Revolução dos Cravos que tanta esperança trouxe a este povo sofrido e enxovalhado pela classe política, estaremos a braços com a 3ª intervenção do FMI em Portugal, e já não à pachorra para isto e para a incompetência, incapacidade e irresponsabilidade destes políticos que só pensam em "governar-se" a si próprios. Ou seja, feita uma conta simples, em média, esta classe política só precisa de 148 meses para afundar de novo o país após o início da última intervenção do FMI. Começou nova contagem.
Seguem os rostos e de certeza que faz aqui sentido a canção de José Afonso, noutro contexto é certo: "venham mais cinco" pois com os actuais não vamos lá.
Jacinto Lourenço
Jacinto Lourenço