... Muitos italianos do norte não conseguem ver por que devem pagar para o sul mais pobre. Os flamengos ricos da Bélgica ressentem-se por ter que suportar os valões desempregados. Mesmo assim, no conjunto, tal como os cidadãos de estados democráticos toleram o governo que ganhou as últimas eleições, normalmente aceitam a solidariedade económica como parte da nacionalidade.
Como a UE não é nem um estado-nação nem uma democracia, não há um “povo europeu” que suporte a UE em tempos difíceis. Os ricos alemães e holandeses não querem pagar pela confusão económica em que os gregos, portugueses ou espanhóis se encontram agora.
Em vez de mostrar solidariedade, moralizam, como se todos os problemas na Europa mediterrânica fossem resultado de preguiça nativa ou da natureza corrupta dos seus cidadãos. Como resultado, os moralizadores arriscam demolir o edifício europeu comum e confrontar os perigos nacionalistas que a criação da UE quis prevenir.[...]
Por Ian Buruma in Público online