sexta-feira, 24 de abril de 2009

Ler faz bem à saúde

ESTUDO

Quem mais lê melhor cuida da sua saúde

Quem lê livros é mais capaz de adoptar estilos de vida saudável, de gerir as doenças e de compreender a mensagem do médico, conclui um estudo sobre os hábitos de leitura realizado em centros de saúde.

«Há uma relação positiva entre os níveis de literacia dos cidadãos e o nível de saúde de uma população», afirmam os médicos Rosa Costa e Rui Macedo, num trabalho apresentado hoje na Feira do Livro de Coimbra, no âmbito das comemorações do Dia Mundial do Livro.

O trabalho, sobre hábitos de leitura e compra de livros, jornais e revistas, foi realizado através de questionário, entre 2 e 11 de Março último a utentes de dois centros de saúde de Coimbra onde estes médicos desenvolvem a actividade clínica, o da Fernão de Magalhães, e o de S. Martinho do Bispo.

Nessa amostra constituída por 342 utentes (68 por cento mulheres) os melhores leitores são... as leitoras, principalmente as mais jovens e as mais escolarizadas. Não foram considerados os cidadãos analfabetos e os jovens abaixo dos 15 anos.

No estudo, 74 por cento dos inquiridos dizem-se leitores de livros e 70 por cento lêem jornais/revistas. Setenta e dois por cento dedicam aos livros três horas por semana e 75 por cento dizem ocupar duas horas por semana com jornais e revistas.

Quem lê, lê por gosto (94 por cento), e em 76 por cento dos casos escolhe livros que não são escolares nem técnicos escolares. Os livros com maior presença nos lares são de literatura em geral, enciclopédias/dicionários e os escolares.

Cerca de 67 por cento costuma comprar de um a seis livros por ano e 4 por cento mais de 21. Um pouco mais de 15 por cento dos inquiridos declarou não saber quando adquiriu o último livro, ou não respondeu à questão.

Nesta amostra perto de 2 por cento dos utentes possuíam mestrado ou doutoramento, 26 por cento formação superior, e apenas 17 por cento possuía o primeiro ciclo. Dos leitores de livros 59 por cento tinha formação superior ou secundária.

Na investigação realizada por Rosa Costa e Rui Macedo no âmbito do Plano Nacional de Leitura “Ler+ dá Saúde”, conclui-se que quando os profissionais de saúde se envolvem no aconselhamento da leitura em família melhoram-se os níveis de literacia e os hábitos de leitura das crianças.

No entendimento de Rosa Costa, estes dados reforçam a necessidade de criar «cantinhos de leitura» nos centros de saúde, onde os utentes os possam manusear enquanto aguardam a consulta.

«Quando os livros estão presentes, com maior facilidade o médico abordará o tema da leitura com o seu utente, e este revelará menor estranheza pelo assunto», afirmou à agência Lusa.

Na sua perspectiva, «era importante que nas consultas se falasse da leitura», mesmo nas de saúde infantil, antes mesmo de as crianças aprenderem a ler.

O convívio com livros e a leitura em família, entre adultos e crianças com menos de seis meses, são determinantes na aprendizagem da leitura e no desenvolvimento da literacia, afirmam os clínicos.

«A adopção de comportamentos destinados a promover hábitos saudáveis, a par da educação, resulta numa maior literacia em saúde, numa acrescida capacidade de compreensão das mensagens de saúde e numa maior capacidade em gerir doenças crónicas», concluem.

In jornal Destak de 23 de Abril de 2009