quarta-feira, 8 de abril de 2009

Uma Viagem a Éfeso

Uma viagem à cidade de Éfeso era, para o tempo, como ir hoje a Londres ou Paris. Éfeso era uma metrópole e a mais importante cidade da Ásia Menor ( que integra actualmente o território da Turquia ) sendo capital desta província romana a partir de 133 d.C. Teria uma população estimada de entre 400 a 500.000 habitantes, tornando-se assim na 5ª cidade mais populosa do ImpérioRomano. Localizada junto ao rio Caster, a cerca de 5 kilómetros do mar Egeu era, à data do seu apogeu, o maior centro e plataforma comercial da Ásia Menor.

Em Éfeso cruzavam-se quatro grandes estradas que traziam e levavam negociantes, mercadores e mercadorias de e para as mais importantes províncias romanas.

Do ponto de vista cultural experimentava grande desenvolvimento nas artes dramáticas, possuindo um Teatro com capacidade para 24.500 espectadores, mas também no desenvolvimento do pensamento, sendo berço de algumas escolas de filosofia e vizinha de outras não menos importantes situadas na cidade vizinha de Mileto. Éfeso experimentava o melhor e o pior, pois ali proliferavam também escolas de magos e de outras correntes místicas e religiosas. A sua arquitectura e urbanização rivalizavam com o melhor que se podia encontrar no mundo romano de então. Era uma cidade livre e, dada a sua lealdade a Roma, estava autorizada a ter governo próprio. Tanto quanto se pode saber, não consta que estivesse ali estacionada, permanentemente, qualquer guarnição romana.

Éfeso era, podemos dizer, o centro do paganismo da Ásia Menor. O grande templo de Diana ( deusa da caça e/ou da fertilidade-Artémis para os gregos), marcava e consignava a cidade, porventura, maioritariamente, à adoração da respectiva deusa, ocupava um espaço da dimensão aproximada de dois campos de futebol actuais – embora os investigadores tenham divergências nesta matéria ( Actos 19:23-41 ). Enorme, como verificamos, este templo foi classificado como uma das sete maravilhas do mundo da antiguidade. À sua volta e quiçá dentro dele, floresciam prostituição, bebedeira, orgias e negócio. Foi no meio desta cidade de Éfeso que Deus plantou uma igreja cristã.

Nas sucessivas investigações arqueológicas que têm sido feitas, surgiu uma inscrição em pedra que entregava a Éfeso o título de “a mais ilustre de todas as cidades”.

Estrabão ( 64 a.C. a 25 d.C.), geógrafo, historiador e filósofo, natural do Ponto, província a norte da Ásia Menor, e autor de um dos mais importantes tratados de geografia da antiguidade, referiu-se a Éfeso como o “maior centro de comércio exterior que havia na Ásia”, o que contribuía para que uma parte significativa da população local fosse razoavelmente remediada ou significativamente enriquecida.

É sobre esta cidade e sobre a igreja cristã nela existente, e à qual foi dirigida uma das sete cartas constantes no livro de Apocalipse, que iremos dedicar alguns textos no Ab-Integro em próximos posts.

Jacinto Lourenço