sábado, 18 de abril de 2009

Mais um Alerta

Um estudo científico sobre as variações do nível dos oceanos durante o último período interglaciar mostra que a subida das águas, devido à descongelação das calotas polares, pode ter atingido os três metros em poucas décadas, escreve a Lusa.

O estudo, a publicar esta quinta-feira na revista «Nature», conclui que um cenário assim, que levaria ao alagamento das zonas costeiras, «é uma possibilidade real nos próximos cem anos», explicou Paul Blanchon, geofísico da Universidade Nacional do México e principal autor da investigação, à Agência France Presse.

Dezenas de cidades ameaçadas

Em 2007, o Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre a Evolução do Clima (Giec) apontara para um aumento máximo de 59 centímetros no nível dos mares até 2100, não tendo em conta a expansão natural do volume das águas oceânicas devido ao seu aquecimento nem o acréscimo de água resultante do derretimento dos gelos da Gronelândia.

E se o aumento de meio metro já teria graves consequências nos pequenos estados insulares e nos grandes deltas dos rios, em especial na Ásia, uma elevação rápida de três metros na superfície dos oceanos ameaça dezenas de metrópoles, como Xangai, Calcutá, Nova Orleães, Miami ou Nova Iorque.

De acordo com Paul Blanchon, «os cientistas pensavam que a subida do nível dos mares no período interglaciar de há 120 mil anos ocorrera de forma progressiva mas, afinal, não foi assim».

Provas descobertas por acaso

As provas de uma subida rápida das águas foram descobertas quase por acaso na península mexicana do Iucatão, durante trabalhos de terraplanagem destinadas a um parque temático.

Paul Blanchon e três colegas do Instituto Leibniz das Ciências Marinhas, na Alemanha, encontraram vestígios de recifes de coral que lhes permitiram medir com grande precisão as flutuações do nível do mar.

Utilizando como referência as cristas dos recifes - a zona que fica mais à superfície da água - os investigadores detectaram que o aumento de três metros no nível do mar se registou em apenas 50 anos.

A Península do Iucatão é uma das raras regiões do mundo onde, devido à ausência de actividade sísmica há várias centenas de milhar de anos, é possível obter medidas precisas sobre o nível dos oceanos.

In IOL Portugal Diário