Estava programada há já alguns anos, esta minha viagem a Paris. Nem sempre viajamos para onde queremos ou quando queremos, mas quando podemos ou as circunstâncias nos impõem. Neste caso, impunha-se-nos ir até Paris logo que fosse possível e a circunstância pudesse ocorrer, o que aconteceu durante toda a semana passada. Já lá tinhamos estado, eu e a minha família, contudo, a circunstância de então ditou outras regras à viagem. É o que acontece quando temos filhos pequenos e achamos que uma vida não se faz sem pelo menos uma visita à Eurodisney. A desculpa, claro, são os filhos... Talvez um dia lá volte, à Eurodisney, com a desculpa dos netos... Presumo que nessa altura terei menos disponibilidade para tanta agitação.
Agitação é coisa que não falta a Paris. Há quem a conheça pela cidade do amor. Não sei porque razão e também nada me motiva a ir agora descobrir o porquê. A minha paixão, em Paris, foi a da arte patente no interior dos seus Museus. A monumentalidade e gigantismo ( pelo menos quando comparados com os museus que já conheço - e são alguns dentro e fora de Portugal ) do Louvre é algo que chega intimidarnos mas pela positiva. A concentração e diversidade da colecção impressionista, no Museu d'Orsay, desperta em mim sentimentos nunca experimentados por me encontrar a escassos centímetros e em pleno diálogo interior com o que está reproduzido nas obras, mas também porque posso dar asas à minha imaginação e voar para o momento em que cada artista transmitiu as sensações que lhe invadiam a alma no momento de as prender com o pincel e óleos numa tela inerte que de repente agarra o presente ao futuro e que nos faz recuar ao passado.
Foram tantos os instantes de puro prazer e deleite que vivi na cidade-luz, que dá para desculpar até o facto de ela se apresentar como uma das mais sujas que já visitei na europa até hoje. Provavelmente não será por falta de esforço da Mairie de Paris, atendendo aos diversos veículos que a qualquer hora do dia ou da noite eu observei a limpar a cidade. Cerca de doze milhões de habitantes na grande Paris, são obra. O seu cosmopolitismo e intensas vivências humanas de todos os géneros ou uma "tribo urbana" composta por uma inquantificável diversidade de nacionalidades e culturas presentes, não contribuirão, porventura, para a manter tão limpa quanto seria desejável.
Paris recebeu-me de braços abertos, como recebe cada um dos outros vinte e cinco milhões de turistas anualmente, e mostrou-me a sua grandiosidade em vários aspectos. Acima de tudo, é uma cidade de charme que nos atrai a cada esquina e que se poderá repetir e fotografar à exaustão.
Prometi a mim mesmo voltar, mesmo se não gosto muito de uma parte significativa da história de França. Mas isso é uma outra história que não cabe aqui agora.
Considero-me uma pessoa abençoada por Deus por poder estar oito dias em Paris e olhar, e tocar, ao vivo, a sua paleta de cores, sensações e emoções.
Cidades como Paris, deviam ser de visita obrigatória para todos.
Para além de tudo o resto, Paris está também de parabéns por perceber a importância da cultura na vida das pessoas enquanto jovens: até aos vinte cinco anos de idade não se paga em nenhum Museu e, acreditem, é uma oferta e tanto, já que visitar museus em Paris pode levar-nos rapidamente à penúria... Um exemplo a seguir por cá, em que a oferta cultural é o que é. Uma boa oportunidade para os jovens que raramente dispõem de grandes recursos económicos.
Obrigado à minha família por compartilhar esta experiência inolvidável comigo.
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Jacinto Lourenço