O astrónomo e jesuíta Jose Gabriel Funes, que dirige desde 2006 o Observatório Astronómico do Vaticano, instalado em Castel Gandolfo, a residência de Verão dos papas, explica sem rodeios que se tornou astrónomo "para se aproximar de Deus, que criou o Universo".
A um só tempo homem de ciência e de religião, Jose Gabriel Funes, de nacionalidade argentina, diz conciliar sem problemas os dois mundos.
"As nossas questões são as mesmas que se colocam aos nossos colegas laicos: compreender como funciona o universo, qual é a sua origem, saber se há planetas idênticos à Terra. Mas somos o observatório do papa, estamos aqui para servir o papa, a Igreja e os nossos colegas", afirmou o responsável do observatório do Vaticano à jornalista Catherine Jouault, da AFP.
O padre Funes tornou-se, aliás, astrónomo em primeiro lugar e só depois abraçou a vida religiosa, tal como aconteceu com o seu colega Guy Consomagno, do mesmo observatório, que é especialista em meteoritos.
"Sou antes de mais um cientistas", diz este último, notando, no entanto, que é a sua "fé em Deus" que lhe dá "coragem" para fazer a sua investigação. "É necessário ter fé para nós dizermos que há respostas e leis para descobrir e que o universo não é apenas um caos", sublinha Guy Consomagno.
Um telescópio antigo está instalado no observatório, mas serve hoje para o papa, e apenas para espreitar os planetas próximos. O Observatório do Vaticano instalou um telescópio moderno no Arizona (EUA) e é aí que oito outros religiosos levam a cabo o trabalho científico actualmente. Em Castel Gandolfo respira-se a História.
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