sexta-feira, 3 de junho de 2011

Reflectir Sobre o Quê !?!



Faltarão cerca de seis horas, quando escrevo esta nota, para que se encerre oficialmente aquilo a que se convenciona designar "Campanha Eleitoral". Durante duas semanas os partidos políticos tiveram a oportunidade de fazer passar a sua mensagem e explicar ao que vinham, era isso que se esperava que fizessem; mas não, acharam que não valia a pena. Cada um entreteve-se a lançar acusações sobre os restantes  e a dizer cobras e lagartos dos adversários. Ora, num momento delicado em que todos queríamos saber como é que os responsáveis partidários se propunham conduzir o país interpretando uma pauta que não é da sua autoria e cujos autores não admitem desvios, ficámos exactamente no ponto em que estávamos no primeiro dia da campanha eleitoral, isto é: com um grau de esclarecimento zero. A única coisa de que ficámos francamente esclarecidos é de que, no futuro, não necessitamos de campanhas eleitorais. Basta que passem as fotografias dos líderes partidários nos meios de comunicação apropriados para isso e o povo pode assim escolher qual o que lhe parece mais simpático ou sorridente. Não fora o velho adágio popular dizer que "as aparências iludem", e parecia-me um bom critério para escrutinar a vontade do povo, até porque, assim como assim, mesmo que não tivéssemos o primeiro-ministro mais competente e capaz, sempre  havia a possibilidade de termos o mais simpático ou o mais bonito, podia ser que ajudasse. Embora, nesse caso, eu preferisse à frente do governo uma cara-laroca feminina; coisas minhas...

Falando mais a sério, o que me ocorre é que amanhã posso ir para a praia e aproveitar o bom tempo, já que,  pelo menos,  os partidos pouparam-nos a necessidade de "reflectir" sobre aquilo que  disseram nos últimos dias. Não me ocorre que tenham dito alguma coisa relevante sobre a qual eu precise meditar para poder votar mais esclarecidamente. Bem pelo contrário. A vacuidade de ideias para o país foi total em duas semanas, da esquerda à direita. Não sei que caminhos mostraram, para além do caminho por onde nos leva a crise e a dependência externa. Mas para isso não eram precisos partidos nem campanhas eleitorais, nem políticos  a consumirem mais ainda os dinheiros públicos e privados. Contratavam-se administradores e consultores estrangeiros para resolver os problemas, como se faz nas empresas; sempre poupávamos o turpor e o desgaste que o sistema nos impôs por estes dias. 

Por mim, esta campanha eleitoral só esclareceu o seguinte: a política nacional fede e quem com ela ganha a vida devia arranjar uma maneira mais séria  de contribuir para o bem de Portugal e do dos portugueses. Ao fim de 37 anos já percebemos que com os partidos que temos e os políticos que por lá enxameiam, Portugal, a mudar, só se for para pior. Portanto, a partir de segunda-feira, venha quem vier, preparem-se para mais do mesmo, mau como sempre, ou pior ainda, como será fácil adivinhar.


Jacinto Lourenço