sábado, 21 de maio de 2011

Caçar Borboletas e Tiranos




"Depois de caçar tiranos

Vamos caças borboletas!" [G. Junqueiro]



“A sociedade portuguesa está organizada para o mal. Não é já o mal esporádico e fortuito, em casos isolados que rapidamente se combatem. Não; é o mal colectivo, o mal em norma de vida, o mal em sistema de governo. Os poderes funcionam deliberadamente, com um fim: produzir o mal. Porquê e para quê? Porque o mal são eles e querem conservar-se. Um regímen corrupto só na corrupção subsiste. Mantém-se na corrupção, como alguns bacilos na porcaria. O seu ódio ao bem é fundamental e orgânico.

A filosofia da vida dum tal regime é a filosofia do porco: devorar” [ibidem]

"Então o povo que deixa prostituir a consciência, roubar os direitos, vilipendiar a história, o povo cobarde que não defende a honra, quer defender a camisa?

Que lha levem, com o último pão, os últimos andrajos! Que ruja de frio, que estoire de fome! A fome é como o fogo: abrasa e depura. Os que aviltam gozando, só se regeneram sofrendo. Não venham libras, venham desastres. Sobre a nossa infâmia chovam calamidades e tormentos" [ibidem]

"Já cai de podre o mundo velho e um mundo novo se elabora: Já surgem profetas e se martelam cruzes em calvários. Ciclones de dor e de infinito varrem, troando, o negro mar da humanidade.

Pão! Venha pão! – ululam bocas formidandas.

Ideal! Ideal! Ideal! – gritam as almas às estrelas.

Porque as bocas têm direito ao pão e as almas têm direito à luz.

Se acaso nós, revolucionários, nós que clamamos por direito e que bradamos por justiça, aqui um dia implantarmos uma nova forma de governo, que ela seja, antes de tudo, o caminho aberto para uma nova forma de civilização ..." [ibidem]



Guerra Junqueiro, in Horas de Luta (Livraria Lello) e Horas de Combate (Livraria Chardron)



J.M.M.