O livro de Actos dos Apóstolos narra-nos, no capítulo oito, a história do etíope que, regressando ao seu país, após a peregrinação a Jerusalém, lia o profeta Isaías. Filipe, o apóstolo, que de perto observava, recebeu um “toque” do Espírito Santo, que lhe disse: “chega-te e junta-te a esse carro”. Curioso, o facto de que o Espírito Santo não lhe tivesse dito o que fazer. Filipe, porém, sabia exactamente o que fazer e dizer : “entendes tu o que lês ? ” . Foi a sua pergunta ao etíope. “Leio mas não entendo. Ninguém se prontificou para me explicar, para me mostrar qual o caminho a seguir ou mesmo, como interpretar os sinais que leio ?!” . Este será porventura o entrelinhado da resposta do etíope a Filipe.
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Como cristão não me chega ler, ouvir e interpretar. Tenho que guardar aquilo que a Palavra de Deus me ensina. Não ser apenas observador do tempo que outros deixam correr sem interpelar a significação dos sinais que deixa. Não devo apenas celebrar a sua passagem “assobiando para o lado” e fingindo que tudo o resto que me rodeia não me diz respeito. No meu caso, como cristão, viver este tempo implica estar preparado para aplicar, como Filipe, no momento oportuno, aquilo que recebi. Estar atento ao que o Espírito Santo me diz, sem fazer “orelhas moucas” à voz de Deus. Preciso “chegar-me” aos que lendo não entendem e aos que ouvindo não percebem, ou não querem perceber. E não preciso que o Espírito Santo me esteja sempre a dizer, a cada momento, o que devo fazer ou dizer; desde que Ele habite em mim, serei sensível aos seus desejos e aos seus propósitos. Basta-me um “toque” seu para que eu saiba o que devo fazer. Ou, como diz Pedro, na sua primeira epístola: ”… estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós” ( l Pedro 3:15).
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Jacinto Lourenço