De entre as tentativas esboçadas por várias personalidades, de todos os tempos, para a explicação da criação, tal como ela se nos apresenta, salientam-se algumas que rejeito liminarmente por não revestirem quaisquer hipóteses de ciência honesta, mesmo aos olhos de pessoas que, não sendo cientistas, como eu, nem tendo nesse campo qualquer espécie de pretensiosismo, procuram, isso sim, conhecer as diferentes abordagens científicas ( ou que se pretendem apresentar como tal ). Certos esboços de pseudo-ciência enfunam no espavento da arrogância intelectual ou num forçado hermetismo tantas vezes mistificador da falta de profundidade, rigor e alcance da irrefutável prova, onde cabe também, em minha opinião, o evolucionismo de Darwin. Não o rejeito apenas com a explicação “porque não”, ou apenas porque sou cristão ( e podia fazê-lo nesta condição, por ser integralmente criacionista ). Não o aceito porque não faz sentido nenhum admitir que um ser vivo é obra do acaso circunstancial. ( Lembram-se dos defensores da “geração espontânea” posta em causa pelo Holandês Huygens – pioneiro do Microscópio - e completamente desmistificada, mais tarde, entre outros, por Luis Pasteur !?). Mas o que deixo dito não me impede de admitir que qualquer ser vivo, homem incluído, é influenciado pelo ambiente que o cerca e que com ele interage. Gerald Schroeder, em “Deus e a ciência” (Europa América 1999), afirma «que o Universo está sintonizado com a vida desde o início. No Génesis, a vida aparece ao terceiro dia pela primeira vez. Mas a palavra criação não é mencionada. É-nos dito : “a terra trouxe vida”. A terra já tinha em si mesma as propriedades necessárias para a vida florescer ».
Ainda que a comparação possa não ser a mais indicada, mesmo assim não resisto a fazê-la : era como se a terra já estivesse povoada de “células estaminais vegetais” com capacidade para poderem fazer aparecer uma vida que não poderia existir sem que estivessem observadas determinadas condições, nomeadamente as verificadas no segundo dia da criação com a separação das águas e o mais que provável aparecimento das primeiras chuvas sobre a terra que fariam “explodir”, para a sua superfície, toda a vida vegetal, e nada disto invalida ou põe em causa a infinita sabedoria de Deus no acto criativo, antes pelo contrário.
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Jacinto Lourenço