sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

De uma Cruz a outra cruz: a palavra do Perdão

A crucificação de Cristo apresenta-se aos olhos da história como um crime da religião, por isso pode ser integrada numa história universal da infâmia. A infâmia é, para a cultura filosófica e literária, uma relação entre o mal e os homens, desde o filósofo Michel Foucault ao poeta Jorge Luis Borges, que assim o asseveraram e escreveram sobre ela. Nesta perspectiva , podemos afirmar sob dado ponto de vista, que certos sectores religiosos judeus foram infames, mais do que os romanos, ao levarem Cristo a julgamento irregular, à condenação e à execução na Cruz, no Monte do Golgota. Contudo, a frase de Jesus Cristo crucificado, uma das chamadas 7 palavras da cruz, “Pai, perdoa-lhes porque eles não sabem o que fazem”, parece redimir os judeus e os romanos da infâmia (a menos que o Senhor a estivesse a usar apenas para os romanos, que parece ser o caso histórica e hermeneuticamente), é que a inocência não pressupõe infâmia. O referido poeta JLB, numa entrevista sobre a sua História Universal da Infâmia, disse, citando a frase de Jesus: «Eu julgo que Jesus sentiu isso. Sentiu que os seus carrascos, aqueles que o pregavam na cruz, não eram forçosamente uns canalhas. Eram soldados que deviam obedecer às ordens que recebiam.»[...]
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Texto de João Tomaz Parreira. Ler AQUI no Papéis na Gaveta