quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Copérnico, Kepler, Galileu, Newton e outros que tais...

Entre 1616 e 1835 a obra de Nicolau Copérnico esteve encerrada numa gaveta da igreja católica até que fosse expurgada dos “seus erros” pelo lápis azul dos censores eclesiásticos. E não se pense que foram só os católicos retrógrados que proibiram Copérnico de divulgar os seus ensinamentos, preferindo dar razão a Ptolomeu. Martinho Lutero, o pai da reforma protestante, também zurziu nas ideias Copernianas.
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A confrontação destas duas concepções do cosmos – uma centrada na terra e outra centrada no sol – atingiu o seu clímax nos séculos XVl e XVll, na pessoa de um homem que, tal como Ptolomeu, era astrólogo e astrónomo. Viveu numa época em que o espírito humano estava agrilhoado e a mente acorrentada; em que as opiniões eclesiásticas sobre os assuntos científicos, velhas de dois milénios, eram consideradas de maior confiança do que as descobertas contemporâneas realizadas com técnicas de que os antigos não dispunham; em que o desvio sobre os assuntos teológicos mais misteriosos, relativamente às preferências doxológicas dominantes, católicas ou protestantes, era punido com a humilhação, impostos, tortura, exílio ou morte.(…) A ciência estava ainda desprovida da ideia de que subjacentes aos fenómenos da natureza, podiam estar as leis da física. Foi a luta corajosa de Johannes Kepler que desencadeou a revolução científica moderna” ( Carl Sagan – “Cosmos”).
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Para Kepler, o poder criador do universo estava em Deus, e a única forma de explicar os seus mistérios era “ler” o pensamento de Deus. Ptolomeu (embora com erros desculpáveis face ao desenvolvimento científico do seu tempo), Copérnico, Galileu, Kepler e Newton, e mesmo Galeno na área médica séculos atrás, entre outros, abriram os olhos da humanidade para esta realidade que a Bíblia já revelara há milhares de anos : a natureza é afinal regida por leis matemáticas e físicas simples e à prova de qualquer observação, mesmo a da ciência da chamada “pós-modernidade”, e em cujos meandros se pode constatar e sentir a operação de Deus acima de qualquer lei criada, no campo terrestre ou celeste. Pessoalmente acredito que tem sido esta operação divina que tem salvaguardado a terra e os seus habitantes de serem largados por completo ao destino por eles escolhido e à rigidez das leis físicas por eles reclamada. Este é o domínio da misericórdia do meu Deus. E essa misericórdia, diz a Bíblia, é “a causa de não sermos consumidos”. Temos hoje uma visão amplificada do universo, da vida e da civilização devido aos “terrenos” que as personalidades citadas revolveram nos seus campos de actuação, a que se juntaram outros cientistas sérios e honestos, de todos os tempos, trazendo ao de cima uma organização que espanta pela sua simplicidade, mas cuja diversidade lhe empresta uma tremenda complexidade que exibem, aos nossos olhos, a criação de Deus, como um projecto que nos arrepia pela sua beleza misteriosa e grandiosidade. E Deus, o Senhor das nossas vidas, não pára de nos surpreender todos os dias na relação individual e particular que estabelece connosco, seres minúsculos no meio de tão grandioso projecto.
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Jacinto Lourenço