Uma geração antes da guerra de Tróia, o rei Aleo de Tegea, em terras de Arcádia, recebeu um funesto oráculo : o seu neto matá-lo-ia e governaria em seu lugar. Para evitar o cumprimento da profecia, decidiu consagrar a sua filha Auge à deusa Athena, proibindo-a de se casar, sob pena de a matar. Mas esta sua intenção não foi suficiente para impedir que se cumprisse o oráculo. Um dia , Heracles, que tinha sido acolhido na corte do rei, embriagou-se e forçou a jovem, tendo esta posteriormente dado à luz um filho a quem foi posto o nome de Télefo. O rei Aleo, receoso de que na criança nascida se viesse a cumprir o profetizado, encerrou a mãe e o filho numa caixa e deitou-a ao mar. Graças à protecção de Athena, a caixa encalhou no delta do rio Caicus (Caico), na costa da Ásia Menor, tendo desta forma sido salvos os seus passageiros. Tinham chegado à Mísia. O rei da Mísia, Teutrante, fez de Auge sua esposa e adoptou Télefo como seu filho, sucessor e herdeiro.
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Com o passar do tempo, o lugar onde a caixa que transportara Auge e Télefo encalhou, tornou-se um assentamento de populações que viria a tornar-se uma das mais importantes cidades do mundo Grego.
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Sobre uma imponente montanha de novecentos metros de altura e na vertente direita do rio Caicus ( Caico), a vinte e oito Quilómetros da costa do mar Egeu, começou a ganhar forma uma cidadela que tomou o nome de Pérgamo; nome de origem indo-europeia que quer dizer “alto fortificado”. Os seus habitantes apropriaram-se da lenda de Télefo e passaram a honrá-lo como seu antecessor mitológico.
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A adopção desta história mitológica, reflecte o carácter claramente grego do reino fundado com o nome de Pérgamo ( Télefo é um herói da mitologia grega ) e dava corpo ao desejo de Átalo I , que emprestou o seu nome à dinastia entretanto surgida, dos Atálidas, de converter a sua cidade na Atenas da Ásia Menor, que se tornaria assim defensora da civilização helénica face aos povos bárbaros.
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O desejo de Átalo I define a história de todo o seu reinado e explica a intensa promoção das artes, letras e ciências por parte da dinastia Atálida, que fez da cidade de Pérgamo um dos mais importantes núcleos urbanos de toda a Ásia Menor helenística, bem como um centro cultural só superado por Alexandria. Mas para Átalo I, Pérgamo precisava converter-se também no principal centro político da região, objectivo que conseguiu atingir depois dos seus envolvimentos em complexas lutas de poder que se seguiram à morte de Alexandre Magno e do desmembramento e divisão do seu Império pelos seus quatro generais.
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In Revista História National Geographic***tradução de Jacinto Lourenço